Você topa o Tobey ?
Sempre achei o Parker um cara batuta, nos quadrinhos e desenhos, e meio bobo, nos cinemas. Gostei muito do primeiro filme, quando saiu, mas depois mudei de ideia. Nada contra o Tobey Maguire, só não acho que tenha dado ao pobre Parker o tratamento que merece.
Por isso, foi bacana vê-lo retratado com o mínimo de testosterona no novo filme. O Peter Parker deAndrew Garfield é bobo e descolado. O Parker de Maguire era bobo e só. Essa é o razão número um para preferir a nova trilogia à antiga.
1. OS ATORES
Não só Parker, todos os personagens estão melhor representados do que na versão anterior. Emma Stone fez uma Gwen Stacy crível de que alguém se apaixonasse, totalmente diferente daquela Mary Jane sem vida nem tempero da moçoila anterior. Emma fez melhor até do que a Gwen do filme 3,Bryce Dallas Howard, que considero melhor atriz até, mas às vezes, talento não é tudo.
Porém, às vezes, é. É o caso dos recentes tio Ben e tia May . Sally Field entrou em troca da antiga, a velha chata. No lugar do tio coroca, colocaram o Martin Sheen. Evidentemente duca.

Por infindáveis temporadas, eu fui presidente em West Wing. Tio Ben é bolinho.
2. OS PERSONAGENS
Os personagens estão melhores, mas não só por questão de talento ( ou falta dele ). As concepções dos personagens foram melhor adaptadas. Na versão antiga, Sam Raimi , leitor assíduo de quadrinhos, transpôs à tela grande personagens embasados em conceitos que funcionam no papel, mas meia boca em áudio e vídeo.Raimi também optou por uma versão clássica dos personagens, da década de 60, que no século atual, são caricatos em demasia. Poderia comparar um a um, mas peguemos o Flash Thompsonapenas. Sou muito mais um Flash meio bully meio bróder do que um sacana all the way. Uma profundidade explorada até nos primórdios nos gibis e nos filmes de Sam Raimi, esquecida por completo.
O próprio Aranha tinha uma veia cômica nos quadrinhos esquecida por Raimi. O Parker do novo diretor Marc Webb é outro personagem. Tira onda dos bandidos exatamente como fazia quando eu o lia em menino. Senti falta dessa algazarra que só o Parker tem. Desse jeito moleque e maroto de combate ao crime que só o Galvão ousaria narrar.

O diretor do novo filme optou por um Aranha moleque maroto
A único de quem senti falta ( e que imagino ingigualável em qualquer filme vindouro ) foi J Jonah Jameson, o chefe do Parker. Fiquei com tanta vontade de ver de novo o velho JJJ que quando voltei do cinema quase pus um dos antigos para assistir. QUASE. Logo, lembrei das caras do Tobey, da mala May e da songa Mary Jane, e a vontade desapareceu.
3.O ROTEIRO
O tema do filme é “Quem é você ? “, e se concentra em contar tal história, mais do que ser fiel à mitologia do herói ( embora não cometa sacrilégios ). Não me lembro de cena ou personagem além da conta. Aliás, que diferença fez a ativa e prestativa Gwen, em face a antiga Mary Jane, que só existia para correr perigo e choramingos. Já que tem que por mocinha na história, que desempenhe algum papel além de peguete .
Outra decisão acertada ao meu ver foi ter deixado o chefe do Parker, o Jonah Jameson, de fora. Por mais que eu tenha sentido sua falta, achei acertada a decisão de não tocar na vida profissional de Parker nesse filme, focando na estudantil. Forçar um núcleo Clarim Diário filme adentro provavelmente nos traria aquela sensação de overdose de elementos e péssimas resoluções que tivemos no terceiro filme da franquia antiga. Jameson, enfim, ficou de fora por um bom motivo.
4.OS DIÁLOGOS
São espertos, relevantes e o melhor: breves. O Tio Ben passa o recado ao sobrinho em 4 ou cinco cenas. As aparições da Tia May são ainda mais raras, mas todas são boas, legais até. Diferente daquela ladainha interminável dos dois patetas, May e Parker, geralmente na cozinha, na trilogia antiga. Ao final, Parker fecha o filme com uma única frase que sintetiza a decisão tomada sobre sua vida romântica. Se fosse O Maguire, ficaria asrrastando a ladainha numa crise existencial de cansar o Woody Allen.
5. OS EFEITOS VISUAIS
É legal um Aranha de aspecto real zanzando pela city, diferente do 3D todo duro de Sam Raimi ( pelo menos no primeiro filme). Claro, aí é uma questão tecnológica que não dá para comparar, mas o alívio é grande.
O vilão Lagarto é muito mais legal que o Duende Verde, que eu sempre achei que daria um belo enfeite no carro alegórico da Nenê da Vila Matilde.

Eu o faria com uma cara um pouco mais de réptil, como na versão do McFarlane, mas beleza.
A trilogia anterior nos apresentou ótimas versões de Doutor Octopus, Venom e Homem Areia, e cenas de luta irretocáveis. Mas esperemos os próximos dois filmes para uma comparação justa. Comparando primeiro com o primeiro, o último ganha. Minha fé está em Marc Webb.
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